sexta-feira, agosto 18, 2006

MAIS FILHADAPUTAGEM , TRECHO DO ESTADO DE SP

Câmara pode ganhar 'bancada da impunidade' com 69 membros

Este é o contingente de candidatos mensaleiros e sanguessugas; número chega a 121 se se considerarem outras infrações

por Sérgio Gobetti


Pelo horário eleitoral gratuito começa hoje a desfilar uma das maiores bancadas da Câmara, a "bancada da impunidade", formada por 69 candidatos envolvidos nos escândalos do mensalão e dos sanguessugas. Mas esse grupo pode ser ainda maior, se nele forem incluídos os 52 denunciados pela Procuradoria-Geral da República por outros crimes. Nada menos, então, que 121 deputados - 24% de toda a Câmara - vão tentar renovar o mandato e integrar essa bancada em 2007 à custa do voto do eleitor.A lista dos 69 é formada por 58 parlamentares investigados na CPI dos Sanguessugas e outros 11 envolvidos no escândalo do mensalão. Nessa conta, Pedro Henry (PP-PR) entra apenas na lista dos mensaleiros, embora também esteja citado na dos sanguessugas.No Senado, há mais dez senadores citados nas CPIs ou investigados pelo Ministério Público por crimes que vão da improbidade administrativa a fraude eleitoral, mas apenas quatro estão concorrendo, segundo levantamento do Estado. Os demais estão no meio do mandato, já que os senadores são eleitos por oito anos, com eleições intercaladas a cada quadriênio - estão em disputa, neste ano, apenas um terço das 81 vagas do Senado.Mas a contabilidade da "bancada da impunidade" não acaba aí. Há também outros 14 ex-gestores públicos condenados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) que concorrem à Câmara - na maioria, são ex-prefeitos que não prestaram contas ou aplicaram ilegalmente o dinheiro público. Somados todos os políticos sob suspeita que querem vaga no Congresso em 2007, chega-se a um total de 139.Se for ampliar o universo para os Estados, o contingente continua a crescer. Existem ainda outros 51 ex-prefeitos condenados pelo TCU que vão tentar uma vaga nas Assembléias Legislativas.Em tese, a condenação no TCU é motivo para a inelegibilidade do candidato, mas poucos são atingidos pela decisão, já que a Constituição lhes garante o direito de recorrer à Justiça comum e, assim, escapar da impugnação. É o caso Edson Paulino Cordeiro (PSB), ex-prefeito de Rio Pardo de Minas, que já foi condenado seis vezes pelo TCU nos últimos 15 anos, mas nunca enfrentou dificuldades para concorrer. Neste ano, ele disputa uma vaga de deputado federal.Em São Paulo, dois candidatos a deputado estadual pelo PDT também integram a lista dos "inelegíveis": Aloísio Vieira, ex-prefeito de Lorena, e Antônio Carlos Cravo Roxo, que administrou Embu-Guaçu. Esses são os políticos condenados apenas pelo TCU, numa lista que soma 2.900 nomes no total, inclusive de juízes. Nos Tribunais de Contas dos Estados, há outras listas semelhantes que apontam gestores que cometeram irregularidades.Dos 19 deputados citados pela CPI dos Correios, apenas 3 foram cassados e não poderão concorrer nesta eleição: José Dirceu (PT-SP), Roberto Jefferson (PTB-RJ) e Pedro Corrêa (PP-PE). Outros 4 inocentados ou que renunciaram aos mandatos para não serem cassados desistiram de concorrer.